
Por: Feliciano Azuaga/ Economista
A Páscoa está chegando e, com ela, uma preocupação que certamente está na mente dos consumidores e comerciantes de Sinop: o preço do chocolate. Um dos principais fatores por trás do aumento significativo dos preços este ano é o preço do cacau, matéria-prima essencial para a fabricação do produto. O cacau é o insumo principal do chocolate.
Nos últimos dois anos, o mercado internacional testemunhou um salto expressivo no valor do cacau. Para se ter uma ideia, em janeiro de 2023, o preço médio do cacau era de aproximadamente 2.500 dólares por tonelada. Em janeiro de 2024, subiu para cerca de 4.800 dólares, atingindo, agora, em fevereiro de 2025, patamares acima de 10.000 dólares por tonelada. Este aumento acumulado, superior a 400% em apenas dois anos, impacta diretamente toda a cadeia produtiva do chocolate.
Uma das principais causas dessa escalada é a chamada inflação climática, termo utilizado para explicar o impacto econômico dos eventos climáticos extremos sobre a produção de alimentos. Mudanças climáticas severas têm prejudicado significativamente as colheitas em países africanos como Costa do Marfim e Gana, responsáveis por cerca de 60% da produção mundial de cacau. Problemas logísticos e conflitos regionais agravam ainda mais esse cenário, reduzindo a oferta global e impulsionando os preços.
Em Sinop, comerciantes já estão sentindo que o chocolate está ficando mais "salgado". Chocolates importados e os nacionais que dependem da matéria-prima internacional não conseguem deixar de repassar parte desse aumento de custos para os clientes. Isso tende a influenciar diretamente as decisões dos consumidores, que sentirão os produtos de chocolate um pouco mais salgado este ano.
Para os consumidores, esse cenário significa que a celebração tradicional da Páscoa, geralmente marcada pela troca de chocolates, poderá pesar um pouco mais no bolso das famílias. Famílias com menor poder aquisitivo podem ser particularmente afetadas, precisando buscar alternativas criativas para manter a tradição sem comprometer demais o orçamento familiar.
Para enfrentar essa realidade, empresários e consumidores podem apostar em alternativas. Para os comerciantes, diversificar o mix de produtos oferecidos, valorizando especialmente opções regionais e artesanais, pode reduzir a exposição à volatilidade internacional do mercado de cacau. Campanhas promocionais e estratégias de marketing que aumentem o valor percebido pelos consumidores também são fundamentais. Já os consumidores podem considerar a compra antecipada para aproveitar promoções e buscar alternativas criativas como chocolates caseiros ou presentes simbólicos que não envolvam diretamente o chocolate.
As tendências da inflação climática sugerem que eventos extremos continuarão impactando a produção de alimentos globalmente nos próximos anos. Especialistas apontam que essa volatilidade pode se tornar frequente, exigindo adaptação rápida e estratégias sustentáveis por parte de produtores, comerciantes e consumidores. Este cenário reforça a necessidade de um olhar mais atento às mudanças ambientais e à adoção de práticas mais sustentáveis na cadeia produtiva.
Portanto, enquanto os preços do cacau seguem elevados por conta da inflação climática, empresários e consumidores precisarão adaptar suas estratégias de compra e venda, garantindo uma Páscoa satisfatória para ambos, mesmo diante deste contexto desafiador.