
O cenário da busca por crédito no Brasil continua em retração, registrando uma forte queda de -14,11%
O cenário da busca por crédito no Brasil continua em retração, registrando uma forte queda de -14,11% na passagem de maio para junho de 2025.
Na comparação anual, o volume de consultas pelo setor financeiro em junho de 2025 apresentou uma retração de -10,55% em relação a junho de 2024.
Os dados são revelados pelo Indicador de Demanda por Crédito da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), que monitora mensalmente a evolução das consultas de crédito no país.

A queda em junho é ainda mais acentuada que a observada na passagem de abril para maio de 2025, que foi de -12,70%. Este novo recuo, tanto na base mensal quanto anual, consolida a visão de um mercado em “compasso de espera”, como já analisado pela CNDL, e demonstra uma persistência na cautela tanto de consumidores quanto de instituições financeiras.
“A retração acentuada na demanda por crédito em junhoéjunho é um reflexo direto da cautela que permeia o mercado. Com um ambiente de juros ainda elevados e o peso do passivo de inadimplência, tanto consumidores quanto instituições financeiras adotam uma postura mais conservadora. Isso traduz um ciclo de crédito em ‘compasso de espera’, onde a necessidade de acesso ao financiamento se choca com um cenário macroeconômico desfavorável e uma capacidade de endividamento já comprometida por parcelas significativas da população. A persistência de um ambiente de juros altos e o aumento do IOF sobre as operações de crédito encarecem ainda mais o custo total dos financiamentos, limitando a propensão dos consumidores a buscar novas dívidas e das instituições a concedê-las”, destaca o José César da Costa, presidente da CNDL
Perfil do consumidor e contratação de crédito: mais contratações, com diversificação
A análise do perfil do consumidor que buscou crédito em junho de 2025 revela que o público predominante continua sendo o masculino, com 53,54% da participação total, um valor muito similar aos 53,31% registrados em maio.
Na abertura por faixa etária, o grupo mais expressivo é o de 40 a 49 anos, representando 24,65% do total, mantendo a consistência com os 24,64% observados em maio. Esses percentuais demonstram uma estabilidade no perfil do demandante de crédito ao longo dos meses.

Um dado notável é a ligeira melhora na taxa de efetiva contratação de crédito: em junho, 1,31% do público consultado de fato contratou algum serviço de crédito, um aumento em relação aos 0,92% registrados em maio. No entanto, é crucial observar a composição dessas contratações.
Dentre os que contrataram em junho, 80,87% optaram por Empréstimo e 15,86% por Financiamento, totalizando 96,73%.
Houve também a presença de Cartão (3,09%) e Consórcio (0,57%). Comparativamente, em maio, os percentuais eram majoritariamente Empréstimo (95,71%) e Financiamento (2,88%). Essa mudança sugere uma leve diversificação nas modalidades de crédito contratadas em junho, com o financiamento e outras opções ganhando um pouco mais de espaço.
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A proporção de consumidores com restrições ativas no CPF no momento da consulta permaneceu elevada e, inclusive, teve um leve aumento.
Em junho de 2025, 35,44% dos consumidores possuíam alguma restrição, um valor ligeiramente superior aos 34,53% observados em maio. Este alto percentual de consumidores com restrições continua a contribuir para a dificuldade de acesso ao crédito e a postura mais conservadora do mercado.
Observando os grupos financeiros que realizaram as consultas em junho, o maior volume veio da Intermediação monetária depósitos à vista (34,39%), seguida pelos Seguros de vida e não vida (24,31%), que juntos somam 58,69% das consultas.
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Em termos regionais, o Sudeste manteve a maior participação no número de consultas em junho, com 45,99%.
As demais regiões seguiram com: Nordeste (21,71%), Sul (17,66%), Centro-Oeste (8,37%) e Norte (6,27%). Comparando com maio, a distribuição regional da demanda por crédito permanece bastante estável: Sudeste (46,20% em maio), Nordeste (21,63%), Sul (17,47%), Centro-Oeste (8,29%) e Norte (6,40%). Isso demonstra que a retração na demanda por crédito é um fenômeno generalizado, sem grandes alterações no peso de cada região.
“A manutenção da taxa Selic em patamar elevado, sem previsão de redução no curto prazo, tende a prolongar o atual cenário: o crédito continua caro, os bancos permanecem conservadores ao concentrar a concessão em perfis de menor risco e os níveis de endividamento e inadimplência seguem pressionados”, afirma o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior.
