
De acordo com a Shopping Brasil, em 2019 as redes sociais representavam 6% do total de ofertas no Brasil; índice saltou para 53% em 2024 e em apenas três meses de 2025, já chegou a 61%
O consumidor brasileiro sempre foi profundamente ligado às ofertas. Mais do que uma estratégia comercial, elas são parte da cultura de consumo do país.
Segundo dados da NIQ, 7 em cada 10 consumidores brasileiros conhecem o preço dos itens que compram com frequência, e 39% mudam de loja para pagar menos.
Ou seja, a oferta é fator decisivo de escolha — e o brasileiro não abre mão da sensação de vantagem.
Várias redes varejistas já tentaram substituir o modelo de promoções por uma política de preços baixos constantes, mas o resultado foi aquém do esperado. A razão?
“O consumidor espera a oferta. Ele reage à percepção de ganho, de economia clara, e isso impacta diretamente a fidelidade e a frequência de compra”, Renata Ribeiro Gonzalez, diretora Comercial e de Marketing da Shopping Brasil, empresa de pesquisa de ofertas no país, que monitora diariamente os principais varejistas nacionais e regionais a partir de anúncios veiculados em mídias sociais, campanhas em TV e encartes físicos e digitais.
Com o avanço da digitalização, as ofertas seguiram o mesmo caminho do consumidor: estão cada vez mais presentes nas telas, nas redes sociais, no WhatsApp, no Instagram e no Facebook. E esse movimento não para de crescer.
De acordo com levantamento da Shopping Brasil, em 2019, antes da pandemia, as redes sociais representavam apenas 6% do total de ofertas veiculadas no Brasil. Em 2024, esse número saltou para 53%. E, em apenas três meses de 2025, já chegaram a impressionantes 61% de participação no total das ofertas.
É uma mudança estrutural. A oferta está literalmente na mão do consumidor, no celular, a qualquer hora. Ela chega com agilidade, geolocalização e apelo visual.
“A nova oferta é digital, mas a conversão continua majoritariamente no ponto de venda físico, especialmente no varejo alimentar”, argumenta Renata.
TV e impressos com espaço ainda – Outros formatos tradicionais ainda têm um papel relevante. Segundo a Shopping Brasil, a TV aberta continua com alta penetração nos lares brasileiros e se mantém influente, principalmente quando combinada a grandes eventos, como o Big Brother Brasil.
Já os tabloides impressos, apesar da digitalização, ainda cumprem um papel importante de guiar a decisão de compra dentro da loja, apoiando o consumidor na definição da cesta.
Mas é nas redes sociais que está a revolução. O cash & carry, que historicamente era mais tradicional, também aderiu fortemente a esse novo formato, promovendo suas ofertas digitais com eficiência. Essa agilidade no contato direto com o consumidor é um dos fatores por trás do crescimento expressivo do canal.
E mais: o Brasil vive um cenário de pressão inflacionária em alimentos e aumento de gastos familiares com outros segmentos, como apostas esportivas online (as “bets”), que já têm impacto perceptível no orçamento doméstico.
“Tudo isso reforça ainda mais a importância das ofertas como ferramenta de decisão e economia”, revela Minoru Wakabayashi, CEO da Shopping Brasil.
Hoje, a oferta é digital, rápida, personalizada — mas seu efeito é real, concreto, e acontece principalmente no caixa da loja física. “Entender essa jornada é essencial para marcas e varejistas que querem se manter relevantes no novo consumo”, afirma Wakabayashi.