
17% dos consumidores utilizaram o cheque especial nos últimos 12 meses.
O cheque especial é uma linha de crédito amplamente utilizada no Brasil, mas também é uma das mais caras do mercado. De acordo com pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo SPC Brasil, 17% dos consumidores utilizaram o cheque especial nos últimos 12 meses. O levantamento aponta que, entre esses usuários, 31% recorreram ao crédito especial todos os meses, o que pode indicar uma dependência preocupante dessa modalidade.
Segundo Merula Borges, especialista em finanças da CNDL, os juros do cheque especial remuneram não apenas o valor do dinheiro no tempo, mas também o alto risco de inadimplência.
“O banco oferece esse crédito de forma automática, sem análise detalhada e sem exigir garantias. Isso aumenta o risco de inadimplência e, consequentemente, os juros são muito elevados”, explica.
Em muitos casos, quanto mais fácil o acesso ao crédito, maior tende a ser a taxa de juros embutida, tornando o cheque especial uma opção pouco vantajosa para o consumidor.
Em quais situações o uso do cheque especial pode ser justificado?
Ainda segundo a pesquisa da CNDL, 30% dos consumidores que utilizaram o cheque especial o fizeram para pagar contas vencidas, enquanto 27% recorreram a ele por imprevistos com saúde.
De acordo com Merula Borges, esse tipo de linha de crédito deve ser usado apenas em emergências e por um período curto.
“Pode ser uma alternativa para cobrir um pagamento urgente e evitar multas ainda maiores, ou mesmo em situações imprevisíveis, como uma despesa médica inesperada. Mas é preciso ter cautela, pois os juros são muito altos”, ressalta.
Com taxas que podem ultrapassar 130% ao ano, o cheque especial acaba dificultando o pagamento das dívidas. “Com juros tão elevados, os consumidores que já possuem contas parceladas baseadas na Selic podem ver sua dívida crescer rapidamente, comprometendo o orçamento familiar e dificultando a quitação do valor principal”, alerta a especialista em finanças.
O problema se agrava quando o consumidor paga apenas os juros mensais e não consegue liquidar a dívida original, entrando no chamado “efeito bola de neve”, o que aumenta a inadimplência e a dificuldade de recuperação financeira.