Notícias

Segunda-feira, 06 de Janeiro de 2020, 07:07

Tamanho do texto A - A+

Entrando nos trilhos

Por: Dr. Feliciano L. Azuaga

 

 

O ano de 2018 terminou conturbado depois de uma eleição polarizada no campo politico. Já na esfera econômica existiam mais dúvidas do que certezas sobre os novos rumos da economia, mas as promessas de uma guinada na politica econômica trouxeram uma grande expectativa para os setores econômicos. As expectativas em janeiro eram otimistas e apontavam para um crescimento do PIB no fim de 2019 de aproximadamente 2,53% a.a, segundo o boletim Focus do Banco Central, na primeira semana de janeiro de 2019. A sinalização era um bom sinal da mudança do humor do mercado.

 

Aproveitando o otimismo o governo federal decidiu pautar no primeiro semestre algumas reformas estruturais, começando pela mais delicada: a reforma da previdência. O diagnóstico da equipe econômica era que o governo federal estava com um grave problema orçamentário e que a sua principal causa era um desiquilíbrio nas contas da previdência. Ao decidir gastar parte do seu capital politico nessa pauta, o governo apostou que a aprovação fiscal sinalizaria para os agentes econômicos uma mudança na condução das contas públicas.

 

Ao mesmo tempo uma série de mini reformas foram implementada pelo governo. As ações tem como objetivo destravar os investimentos em setores de infraestrutura. Ao mesmo tempo foram atacados alguns entraves burocráticos que oneram vários setores econômicos. A MP da “Liberdade Econômica” foi um dos exemplos dessas ações.

 

Ruídos na esfera politica e a demora na tramitação da reforma da previdência reduziram a expectativa de crescimento econômico para menos de 1% ao ano. Enquanto o principal “front” era disputado no congresso, o banco central continuou a redução das taxas de juros básica da economia (Selic). Juntamente com a queda dos juros a disponibilidade de crédito começou a fluir para segmentos importantes da economia. As concessões na área de logística também começaram a andar.

 

O conjunto de medidas começou a refletir nos indicadores econômicos no 3º trimestre, a previsão do PIB veio mais alta que o esperado e o desemprego começou a recuar. A taxa de juros básica da economia atingiu o menor patamar histórico no 11 de dezembro. A taxa de 4,5% significa o barateamento do crédito e ótimas perspectivas para setores importantes para a economia como a agricultura e bens duráveis.

 

Uma segunda noticia decorrente da queda de juros é que boa parte dos recursos que estavam “hibernado” em aplicações de renda fixa, agora estão procurando opções mais rentáveis. Isso significa crédito mais acessível e mais oportunidades de investimentos para 2020. No inicio de dezembro a expectativa para o crescimento do PIB no final de 2019 voltou a subir de forma rápida chegando a próximo de 1,2% a.a. Ainda existem várias frentes, que precisam ser atacadas: o desemprego estrutural, a complexidade tributária e a baixa produtividade da economia brasileira, mas a partida nas mudanças já começaram surtir efeito.

 

As expectativas para 2020 são que a economia volte a crescer acima dos 2% e que aconteça um novo boom no setor de construção civil. O ano 2019 foi turbulento e com uma série de flutuações nas expectativas, entretanto 2020 promete apresentar resultados mais sólidos e menos turbulentos a economia brasileira.

 

 

 

Dr. Feliciano L. Azuaga

Professor universitário e economista. Doutor em economia pelo PIMES-UFPE e mestre em economia industrial e inovação pela UFSC. Executor de programas de fomento a cultura empreendedora e inovação tecnológica. Pesquisador no departamento de Economia e coordenador do “Think Tank” CISE-UNEMAT. Experiência em consultorias para órgãos governamentais realizando avaliação de programas, planos diretores e diagnósticos econômicos. Atua como palestrante sobre conjuntura econômica e uso de tecnologia na educação. Entusiasta pelo uso de novas tecnologias na educação.

Avalie esta matéria: Gostei | Não gostei