Notícias

Terça-feira, 27 de Agosto de 2019, 07:17

Tamanho do texto A - A+

Confiança da micro e pequena empresa reage depois de 5 meses de queda

 

 

As expectativas frustradas de que haveria uma consolidação no processo de retomada econômica mantiveram a confiança empresarial em queda de janeiro a junho mas em julho, com os projetos andando no Congresso Nacional as empresas de menor porte começaram a reagir. Dados apurados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostram que o Indicador de Confiança da Micro e Pequena Empresa saiu de 59,4 pontos em junho para 60,6 pontos em julho. É uma tímida reação mas já mostra o otimismo retornando ao empresariado nacional.

Pela metodologia do indicador, a confiança é medida em uma escala de zero a 100 pontos, sendo que quanto mais próximo de 100, maior é a confiança com a economia e seus negócios e, quanto mais perto de zero, menos confiantes estão os micro e pequenos empresários.

Em termos percentuais, 66% dos micro e pequenos empresários estão otimistas com o futuro da economia do país, percentual inferior aos 82% constatados em janeiro deste ano. Já o número de empresários pessimistas passou de 5% para 12% em um intervalo de seis meses, enquanto 21% acreditam em uma estabilidade. Ainda que tenha havido uma piora nas expectativas ao longo deste ano, a percepção atual de otimismo supera o observado no mesmo período do ano passado, quando apenas 39% dos empresários ouvidos estavam confiantes com a economia do país e 24% declaradamente pessimistas.

Na avaliação do presidente da CNDL, José Cesar da Costa, com o debate acerca da previdência praticamente superado, espera-se que a atividade econômica possa ganhar força com as recentes medidas de estimulo anunciadas pelo governo. “A liberação dos saques do FGTS são um alento para consumidores e empresários, seja para impulsionar o consumo ou recuperar o crédito de quem está inadimplente. A proximidade de datas comemorativas importantes como Dia das Crianças, Black Friday e até mesmo a recém-criada “Semana do Brasil”, em setembro, podem ajudar empresários a reduzirem estoques e salvar perdas do ano. Além disso, o novo ciclo de queda da Selic e o início das discussões da reforma tributária também têm potencial de injetar ânimo no empresariado”, afirma Costa.

Entre os empresários otimistas com o futuro da economia do país (66%), o item que mais pesa é o fato de concordarem com as medidas econômicas que vem sendo tomadas pela atual equipe do governo, com 43% de citações. Já 32% confiam em um cenário político mais favorável, enquanto 31% não sabem explicar as razões do sentimento.

Por outro lado, considerando apenas os pessimistas com a economia (12%), o fator principal são as incertezas no campo político, que podem atrapalhar o andamento do governo, com 53% de menções. O desemprego e o aumento dos preços também são vistos como empecilho para 40% dos pessimistas e 32% reclamam das leis e das instituições, que não favorecem o crescimento do país.

Considerando apenas as expectativas para seus negócios, 76% dos micro e pequenos empresários estão otimistas em algum grau, contra 6% de pessimistas e de 18% dos que acreditam que ficará como está. Em janeiro, os otimistas com o futuro da própria empresa eram 83%.

“O empresário sempre é mais otimista com a sua empresa do que com a situação do país. Por mais que ele reconheça que se economia anda mal, sua empresa também é prejudicada, o empresário tende a se apegar ao fato de que uma boa gestão interna pode minimizar os efeitos negativos que vem de fora”, explica o presidente do SPC Brasil Roque Pellizzaro Junior

Em janeiro, 30% dos empresários consultados tinham a percepção de que as condições gerais da economia melhoraram. Passados seis meses, esse percentual oscilou para 27%. Quando a análise se detém ao próprio negócio, os entrevistados mostram-se divididos: para 32% houve melhora, enquanto 31% relatam piora no desempenho dos seus negócios.

Para quem considera o momento atual da empresa ruim, a queda nas vendas foi o ponto mais sensível com 71% de citações entre os pessimistas. Outros 31% disseram que houve aumento no preço de insumos e das matérias-primas e 19% apontam as dificuldades da concorrência no mercado em que atuam. Considerando os que tiveram melhora em seus negócios, 66% também citam o aumento das vendas e 26% a melhora na gestão interna.

Pensando nas vendas como um todo, diminuiu de 56% em janeiro para 44% em julho o percentual de micro e pequenos empresários que garantem ter tido um desempenho positivo nas vendas. Os que tiveram um desempenho fraco nas vendas passaram de 15% para 20%. Apesar da piora dos números, 63% dos entrevistados projetam uma melhora nas vendas para os próximos seis meses, contra 3% que apostam em queda e 31% que acreditam que o cenário não irá se alterar.

Metodologia

O Indicador de Confiança do Micro e Pequeno Empresário leva em consideração 800 empreendimentos do setor comércio varejista e serviços, com até 49 funcionários, nas 27 unidades da federação, incluindo capitais e interior. Quando o indicador vier abaixo de 50, indica que houve percepção de piora por parte dos empresários. A escala do indicador varia de zero a 100.

Avalie esta matéria: Gostei | Não gostei